quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Universal

Judith lembrou-se que na infância também perdia o sono quando tinha pesadelos. Na pontinha dos pés abria a porta do quarto dos pais e chamava o pai chorando baixinho. Ele rapidamente levantava e a colocava de volta na cama. Fazia o que costumavam chamar "nuvenzinha", que era quando ele jogava a coberta para o alto e ela caia devagar e esticada por cima do corpo, cobrindo-a por inteiro. Dizia que estava lá e que ela não se preocupasse, pois nada de mal aconteceria, era sonho, e era de mentira. Mal sabia ele que os sonhos nada têm de mentira, mas enfim, ela acreditava.

Já adulta, Judith contou pro pai-herói que havia acordado, e os pesadelos ainda a acometiam. Ele foi muito amável, abraçou-a, mas sua fala não foi como a dos velhos tempos. Ele disse que também perdia noites de sono, tinha sonhos ruins e que todos estavam fadados a isso, mas que não se preocupasse, pois ele era mais experiente, e sabia que aquele era só mais um dia, o sol sempre nasceria e tudo acabaria bem.

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