terça-feira, 31 de agosto de 2010

Secura

Vou escrever. Tudo já foi dito mas eu torno a dizer quantas vezes achar necessário, Seu Fulano, que eu quero escrever pra não carregar um mundo nas costas. Sequei como peito de mulher que já não vai mais dar leite. Sequei muito mais que o ar de Brasília, muito mais que isso! E foi de repente que senti que não posso dar nada, por mais que queira. Não tente me arrancar nada, não hoje. Amanhã, talvez.

Sobre quem não pode ficar bem

Era toda de dar opiniões, e as suas eram sempre as certas. Gostava de finalizar as frases e dar diagnósticos, convencendo-se sempre de que seus pareceres eram inequívocos. Certamente algo melhor estava por vir.

Já não consegue dizer quase nada, coitada. Pensa em duas hipóteses: ou regrediu, ou não diz pois consegue agir mais e melhor. Melhorou, graças a Deus, aos santos e aos poetas.

Infelizmente, quando tem a boa impressão de ter acertado, pensa estar inventando, só pra se esquivar da própria opinião. Quando finalmente decide, já imagina um sintoma por vir, e ele não vem.

Ela agradece ou espera um pouco mais?

domingo, 29 de agosto de 2010

"Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar..."

Ela veio me visitar novamente. Sempre penso em milhares de razões para que ela chegue e se instale dessa forma tão invasiva, como sempre faz. Tento justificar das maneiras que menos me incluam na história de suas razões, porque seria mais fácil, mas o que é mais fácil nem sempre é o que é. Pra todas as justificativas que tenho posso responder que tudo já aconteceu outras vezes e nem por isso ela esteve aqui.

Vá embora, vá, que eu não tô me quardando pra quando o carnaval chegar!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Escrevo, se rebele (ops, era Escravo)

"Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta (...)"

Quem já escutou Lenine cantar "Do it", imperativo que só ele, pensa que querer é poder.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Palavra-adaga

Quero lançar a minha palavra-adaga, eu quero atingir grandes artérias e fazer da minha palavra-adaga uma arma mortal. Com a têmpera mais forte que a de uma espada e seu gume serrado, eu quero duelar com meu adversário em mim mesma, e vencer! Isso tudo com a minha palavra-adaga.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cheiro de pinho-sol

Sinto-me como numa floresta de eucaliptos na busca da resposta de qual seria o gozo então. Qual seria?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Universal

Judith lembrou-se que na infância também perdia o sono quando tinha pesadelos. Na pontinha dos pés abria a porta do quarto dos pais e chamava o pai chorando baixinho. Ele rapidamente levantava e a colocava de volta na cama. Fazia o que costumavam chamar "nuvenzinha", que era quando ele jogava a coberta para o alto e ela caia devagar e esticada por cima do corpo, cobrindo-a por inteiro. Dizia que estava lá e que ela não se preocupasse, pois nada de mal aconteceria, era sonho, e era de mentira. Mal sabia ele que os sonhos nada têm de mentira, mas enfim, ela acreditava.

Já adulta, Judith contou pro pai-herói que havia acordado, e os pesadelos ainda a acometiam. Ele foi muito amável, abraçou-a, mas sua fala não foi como a dos velhos tempos. Ele disse que também perdia noites de sono, tinha sonhos ruins e que todos estavam fadados a isso, mas que não se preocupasse, pois ele era mais experiente, e sabia que aquele era só mais um dia, o sol sempre nasceria e tudo acabaria bem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Amanhã há de ser outro

São 3:30 e Judith abre os olhos como se o despertador tocasse sem parar. O coração palpita como se corresse uma maratona. Lembra-se do que a disseram um dia, pra se concentrar nos sonhos mais bonitos, e isso faz com que o seu coração fique ainda mais acelerado, não os encontra. Tem vontade, agora sim, de correr ou falar as mentiras mais absurdas que tem inventado, mas logo o sol nasce e este será só mais um dia.

sábado, 7 de agosto de 2010

Existe só

Ela diz que sem ele não existe, mas existe sim, eu sei. E nesse medo de não existir delegou a todos os outros as coisas mais bonitas que não poderia ter deixado de fazer só, mesmo que acompanhada. Vai, que sempre é tempo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tróia de cada dia

E hoje escutei alguém falar do modo como Penélope esperaria por Ulisses nos dias de hoje. Com um sapo, um comprimido de Sertralina e um copo d´água, engoliria de uma vez. Deplorável, sem romantismo algum, mas até engraçado.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Equivocando

E correr pode não ser "de", mas "para". (?)