sexta-feira, 9 de abril de 2010

Multiforme

Hoje vejo o céu azul e sinto o vento frio dos tempos em que Zeca Baleiro tocava no meu rádio (ainda se diz rádio?). Acho que antes. O céu azul e o vento frio dos tempos em que passava as tardes de sexta-feira andando pela Praia do Canto de short de uniforme, até quase o fim da tarde, antes das festas de 15 anos. Era quase sempre igual, era quase sempre tão bom!
Era exatamente disso que eu falava quando perguntavam do que eu mais gostava, nos livros de pergunta, e eu respondia "Vento no final de uma tarde de sol!".
Hoje é sexta-feira, não há mais short de uniforme, mas acho que pode ser bom também...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Desinquieta"

- Me faça feliz, pelo amor de Deus, me faça feliz...

Era assim que ela dizia entre berros, soluços, choro. Segurava o vestido e torcia a gola. De joelhos implorava com a maquiagem absolutamente borrada. Eu tinha pena, porque escutava e não sabia se podia fazer alguma coisa útil. Felicidade não é coisa que se possa dar pra ninguém por mais que se queira, felicidade não é presente. Era eu e o espelho do banheiro. Felicidade não é presente, é inquietude.

Labirinto

Numa tentativa de me aliviar ela disse: "Quando perder o sono durante a noite tente pensar em algum sonho, alguma coisa bem boa ou num prazer bem fútil, fácil de ser satisfeito!". Inicialmente achei uma boa idéia, meio bobinha, mas uma boa idéia porque me remetia a um tempo em que eu sonhava com coisas como a roupa que usaria no fim de semana, as músicas da próxima festa, a próxima viagem, um corte de cabelo e essas coisas me satisfaziam de verdade, eu juro. Achei que seria fácil. Agora, os sonhos dos quais me lembro parecem pesadelos.