domingo, 24 de março de 2013

Carta de amor


Meu amor,

Quero contar-lhe minha história, pois a nossa é tão curta, e nessa nossa voracidade de viver, não consigo dizer.  

Dizer-te meu amor, que ao longo destes meus vinte e poucos anos marquei meu corpo, marquei-o nos momentos em que queria celebrar a minha liberdade, a minha liberdade de escolher. Veja só, amado, que eu não sabia nem que podia escolher e achava que a gente devia receber qualquer coisa, e com essa coisa qualquer se conformar. E tatuei, na carne da costela, que se expande cada vez que respiro, mas não me lembro disso todas as vezes que o faço. Escolher.

Marquei-o centenas de vezes, uma delas com asas de borboleta, que se transforma, que quer voar. Borboleta boa é aquela que mimetiza, esperta, se confunde pra não ser devorada.

Marco também o meu corpo dando nós no estômago, perdendo a visão, tonteando diante da vida. Apavoro-me com a felicidade, sabia? Não aprendi como ser uma mulher feliz.

Quero me inventar, minha vida! Quero inventar pra mim uma vida pra poder me emaranhar na sua sem me perder.



Com amor,
Natália.