quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A branca

Penso em algum nome francês para nomeá-la, gosto dos nomes franceses, são chiques, não sei por quê acho isso, mas acho. Nem nunca estive na França, e não tenho planos de viajar pra lá no momento. No momento não tenho planos. Não interessa.

Thereze Marie!

Thereze Marie de vez em quando pintava, e quando começava um de seus quadros virava a madrugada ousando novas pinceladas, arrematando detalhes imperceptíveis que faziam sempre muita diferença. Ficava com dor nas costas, porque não conseguia parar de se dedicar à paixão que, às vezes, durava uma noite inteira e depois ficava esquecida semanas, voltando a ser amada loucamente. Presenteou-me com um de seus quadros, eram máscaras do carnaval de Veneza, de olhos vazados. Os olhos estavam espalhados por todo o quadro, dispostos como numa ciranda, girando em torno de uma flor, espreitavam as máscaras choronas, que não tinham olhos para ver, como se zombassem delas. Thereze pintou uma máscara branca, é a única alva dentre tantas escuras e choronas, que aponta o olhar para o alto, mas ela não pode ver, porque os olhos estão caídos.

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