quinta-feira, 21 de julho de 2011

Boticão

Começo com mão no rosto e pouco riso.
Tento disfarçar as falhas com malabarismos invisíveis, mas elas me escapam.
Outro dia Lúcia me contava de quando era menina. Nem perguntaram seu nome e já foram assim, arrancando seus dentes, e dando beliscão no braço em seguida, pra esquecer da dor na boca.
Hoje tem de mentira.
É dos de mentira que me valho, como Lúcia. E é com os de mentira que a gente se vira, do jeito que dá, na vida, fazendo malabarismos no escuro.
Termino pintando de coral a boca sem dentes e gargalho com todos à mostra.
Os de verdade e os de mentira.

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